A vivência na reunião de oração e a experiência do Batismo no Espírito gera na pessoa um amor cada vez maior a Deus e um desejo profundo de estar sempre mais próximo do Senhor. E é partir desse desejo de aproximar-se intimamente com o Senhor que somos convidados a celebrar tudo o que a Igreja nos propõe para esta semana santa, pois nela celebramos o ponto central do ano litúrgico que é o Mistério Pascal: Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Todo domingo, ao celebrarmos a santa missa, tornamos presente e vivificante o mistério da páscoa do Senhor, aqui e agora. Contudo, temos no ano litúrgico a data da páscoa, chamada também de noite das noites, por ser a principal celebração para todos os cristãos, onde se celebra a vitória do Amor que é capaz de vencer o pecado e a morte por meio da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos.
Durante a semana santa vivenciamos os últimos dias de Jesus, desde sua entrada solene e festiva em Jerusalém, onde todos o aclamavam “Hosana ao filho de Davi” até o amor extremo: “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim!” (Jo. 13, 1).
Viver este momento extremo com o Senhor, não é para qualquer um, por isso D. Bonhoeffer ressaltou que os homens em sua dor chegam a Deus, imploram ajuda, felicidade e pão, pedem a Deus para salvá-los de suas enfermidades, da culpa e da morte. Segundo ele, isso fazem todos os povos: cristãos e pagãos. Contudo, aproximar de Deus na dor de Deus, e o encontrar pobre, insultado, sem abrigo, sem pão, vê-lo vencido e morto por nossos pecados, ah, permanecer com Deus na paixão somente os cristãos são capazes.
Realmente permanecer com Deus no seu “fracasso” sendo crucificado como malfeitor, não desceu da cruz, experimentando ali toda dor do mundo, estar ao lado de Cristo enquanto uma lança penetra o seu lado e vê-lo ser sepultado num sepulcro. Onde está aquele homem que se dizia ser filho de Deus, que curava os enfermos, fazia os cegos enxergarem e os mudos falarem, que ressuscitou mortos, e agora nesta “humilhação”… Eis o mistério da cruz, escândalo para os que esperam um Messias vitorioso pela força e poder, loucura para quem deseja compreender com a razão humana, mas para quem crê é sabedoria e poder de Deus. É Salvação.
Estar com Cristo no calvário, é ir até o extremo de Deus e experimentar seu amor total, e, se permanecermos com Ele, assim como Maria e João, poderemos vivenciar, não visivelmente, mas pela fé o grito de resposta do Pai, diante do grito de Jesus na cruz “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes” (Mt 27,46), uma resposta que demonstra que o Pai não o abandonou, assim como não nos abandona em nossas dores e sofrimentos, uma resposta que confirma que o amor é mais forte que a morte, a resposta do Pai ao Filho foi ressuscitá-lo dentre os mortos. Percebemos isso a partir do relato da pedra do sepulcro que estava aberta e do anúncio das aparições que Jesus fez aos apóstolos.
Enfim, ser membro de grupo de oração é pertencer à igreja instituída por Jesus Cristo que tem na liturgia, principalmente a Eucaristia, seu ponto ápice. E nesta semana santa, o estar ao lado de Jesus, meditando sua paixão por meio da via sacra, e outras celebrações de piedade popular unido ao tríduo pascal, com certeza é um momento em que criamos cada vez mais intimidade com Jesus Cristo nos configurando a Ele em tudo, e assim, receberemos abundantemente o Espírito Santo. Viver conforme o Espírito de Deus é viver conforme Jesus Cristo viveu.
Feliz e Santa Páscoa a todos!
Padre Wellington Eustaquio de Oliveira
Assessor Eclesiástico da RCC